quarta-feira, abril 02, 2008

Desabafo

Não sei por que as pessoas continuam vindo para o Rio.
Chega a ser vergonhoso morar numa cidade - num país, vamos ser mais realistas - que apresenta um quadro tão absurdo de uma doença simples - tem coisa mais fácil do que matar mosquito?

E, como se não bastasse essa situação, os hospitais estão do jeito que estão. Há tempos. Meu pai é médico, sei muito bem como tudo acontece.
Ontem o governador, depois de anunciar a chegada de profissionais de outros estados (sim, porque o Rio possui um dos piores salários da categoria e muita gente, principalmente os recém-formados que são pau-pra-toda-obra, acaba optando por trabalhar não só em SP, mas também na Bahia, Paraná ou Minas. Agora imaginem o quanto se gasta pra trazer um médico de outro estado...), disse que é hora deles pararem de lenga-lenga.

Só faltou dar uma raquete elétrica - hit nos sinais de trânsito da cidade a R$ 20,00 - pra cada médico. Porque eles ficaram de lenga-lenga o ano inteiro, não mataram o mosquito e tá tudo do jeito que está. Não é?

Nessa semana, fomos notícia no NYTimes e no Le Monde. Eu avisaria: não venham pra cá, gente.
A cidade fede, a insegurança reina, o mosquito ataca.
Pra quê?

E daí que - finalmente! - a bendita classe-média carioca resolveu protestar contra o prefeito. Ohhhh...depois de DEZESSEIS anos desse senhor no mesmo cargo, agravados pelos dois governos do sr. Garotinho, alguém enxergou que a cidade está abandonada.
A mesma classe média que elegeu e reelegeu não só ele, mas também seu filho pra Câmara dos Deputados.

Agora o índice de avaliação do governo municipal como ruim/péssimo bateu a casa dos 43%, recorde dos recordes, e 63% entre as pessoas mais velhas, com maior renda e mais escolarizadas, o antigo eleitorado de Cesar Maia.
O prefeito quis contornar a situação, mas já jogou a toalha faz tempo. Nem rezar no Bonfim adianta. E respondeu à pesquisa dizendo que isso é natural diante da situação que estamos - situação esta que ele negou admitir que seja uma epidemia.
Disse tudo por e-mail, claro.

Enquanto isso, do outro lado da Baía, Niterói, que desde a época do antigo prefeito possui governos sérios e comprometidos, não registrou sequer uma morte por dengue - e ainda mantém os índices da doença a baixíssimos números.

Triste ver o estado que estamos. Triste saber que apesar do povo e das belezas que temos, somos obrigados a conviver com esses fatos. Triste saber que ainda temos 8 meses até um novo prefeito assumir.
E o pior: um dos fortes nomes a ocupar esse cargo é um senhor que ainda nessa fase de pré-candidatura já teve seu auge na frase "ele defende homem com homem, aborto e maconha" sobre o outro candidato.

Há uma saída?

7 comentários:

Anónimo disse...

Eu shorolitrus de rir da cara dessa porcaria de classe média zona sul que votou no Cesar Maia. BEM FEITO. BEM FEITO. BEM FEITO.

Unknown disse...

Seu texto refletiu exatamente o que vejo e penso. Olho as notícias e me sinto até envergonhado, não por mim, mas uma vergonha alheia.

Uma revoltinha e rávia da situação que estamos.

Me dei conta que a tal epidemia estava a solta, quando saí de casa e me desesperei por não ter passado repelente. Pode, uma coisa dessas? Ter que passar repelente!?? Claro que eu não voltei, mas bateu uma insegurança.

Como se já não bastasse, ter medo de bala perdida, arrastão, assalto, sequestro, temos medo de um mosquito!!!

Isso aqui e Ruanda está quase a mesma coisa.

Renata disse...

por aqui eu acabei de ver as criancinhas de uma escola passando pelas ruas do bairro e gritando "fora, mosquito da dengue!"

só que o mosquito gigante (a fantasia tinha as listrinhas nas patinhas e tudo), tava muito feliz, dançando no meio das crianças.

Alexandre Lucas disse...

Sempre há uma saída... "O que a lagarta chama de fim do mundo, o Mestre chama de borboleta". =)
Boa quinta!

Too-Tsie disse...

Pois é meu querido, o Brézil precisa de um ACORDA. Nosotros estamos muito blasé, toda e qualquer palhaçada é bem aceita, pq cada um tá mais é preocupado com seu próprio umbiguinho.

E você concluiu muito bem, o nosso poder maior está no voto, sempre se fala em voto consciente, mas cada vez votamos mais ERRADO, elegemos os piores.

Alberto Pereira Jr. disse...

se o Gabeira se eleger há sim uma luz no fim do túnel.. agora o Cesár Maia é todo high texh né? só fala por -emial e pelo "ex-blog".. deve ta numa redoma, enquanto a cidade se dana...

triste

Gui Sillva disse...

pena do querido Rio!