quarta-feira, março 18, 2009

Lente da Verdade

Impossível não ter outro assunto hoje sem ser a morte de Clodovil. Referência nesse país tão atrasado por ter se assumido em épocas ainda mais difíceis, Clô conseguiu reunir todos os sentimentos extremos que seu temperamento foi capaz.

Lembro do seu jeito irônico e desafiador, além do talento como estilista. Mas, infelizmente, Clô nunca foi o modelo de personalidade que poderia ter sido - e nunca pareceu se importar com isso. Nem os gays, que poderiam apoiá-lo e sentir um certo orgulho do primeiro deputado federal assumido, o tinham como espelho: Clô havia se tornado uma pessoa rancorosa e contra os avanços dos direitos homossexuais, em um claro exemplo de sexualidade mal-resolvida.

Apesar dos pesares, fica uma lacuna na obscura política brasileira e um sentimento de "quase lá" para quem ainda tem esperanças de um mundo um pouco mais igual.

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Tudo tem limite: o "virou purpurina" da capa do jornal Meia Hora ultrapassa a barreira do respeito e da delicadeza com a morte de uma pessoa, seja ela quem for. Depois, esses mesmos "jornalistas" ainda reclamam de "liberdade de expressão", como se isso garantisse o direito de dizer qualquer asneira irresponsável.

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Update: E Clô ainda surpreende.

2 comentários:

Daniel Cassus disse...

Clodovil me passava a idéia de ser desequilibrado. Uma pessoa que sabia falar bem, entoar as palavras, mas não tinha conteúdo nenhum para falar que prestasse. Um rei do "enrolation". Dava para ficar horas vendo os programas vespertinos dele não falando coisa com coisa enquanto arrumava algum arranjo de flores.

tommie carioca disse...

Acho tão difícil falar sobre alguém, definir uma vida, ainda mais alguém que só vi na tv e que na maior parte das vezes me impressionava com as coisas que dizia, concordasse ou não com ele. Enfim, morrem os Clôs da vida e nada de morrer os Sarneys. Btw, moro no Riviera, sou vizinho!