terça-feira, novembro 04, 2008

Cena Carioca*

Por falar em Bunker, tenho que dar meu testemunho.

Há um certo tempo eu já sabia que a buatchy carioca que marcou o final dos 90/início dos 2000 estava pra fechar. Na verdade, a casa já andava mal das pernas há alguns anos e teve aquela mesma trajetória de fim de festa: fecha-e-abre pra reformas, pinta a parede, procura outro público, muda de nome (virou Amnésia, mas a casa de Ibiza chiou e voltou a ser Bunker), mas nada adiantou.

Só me dei conta do fim quando passei por Copacabana e vi uma plaquinha de propaganda: Americanas Express - Raul Pompéia, 94. Logo ali, onde a Le Boy começou sua carreira e onde desde 1998 a cena underground do Rio se encontrava.

A primeira vez que pisei por lá foi em uma Tea Dance / Discotcheka de Rosane Amaral. Na época eu estava ficando com um menino que me chamou pra ir a Le Boy pela primeira vez. Óbvio que eu cheguei na porta e morri de medo de entrar na lendária boate by Gilles por tudo que eu já tinha ouvido por aí - e só muito tempo depois fui descobrir que lá realmente tem muito capeta, mas até que não é o inferno.

A solução foi pular pra Bunker. Tão mais calma - tirando as sapas nervosas - numa época em que Ana Paula ainda era residente das festas de Rosane (como as coisas mudam, né?). Aliás, até hoje, todo mundo tem uma história pra contar daquele inferninho de Copa. Históricos foram os afters da X, lembram?

A minha melhor noite por lá foi em 2003, no auge da modinha do electro, meses depois que a então diva Miss Kittin se apresentou na X Demente de Reveillon na Fundição. Era uma festinha da Gigolo Records com Mau Lopes e The Hacker - nem preciso dizer que a cena do Rio estava lá em peso.

Pra isso, convidei uma amiga e duas primas minhas. Fiz aloka, já que ainda não tinha saído do armário nem pra mim, imagina pros outros... Enfim, lá fomos nós. E minhas primas ficaram apavoradas com a quantidade de homem gato e gay num mesmo lugar. E eu fazendo cara de paisagem, como se nada daquilo fosse comigo: Tem bicha aqui? Onde?!

Lá pro meio da madruga, elas resolveram ir embora e eu fiquei com os meus amigos. Pra que, né? Perdi a linha, fiz new friends, aproveitei horrores e foi uma das melhores noites que tive. O mais divertido foi lá pras 6/7 da manhã, quando a minha prima voltou pra me buscar: quase me pega no flagra, agarrado num cantinho da passagem entre as 2 pistas.

Ainda voltei algumas outras poucas vezes - nessa época a casa já começava a dar sinais de cansaço - mas nunca mais foi igual. E posso dizer que a Bunker fez parte da minha vida clubber.

Boas lembranças daquele túnel colorido...

2 comentários:

Daniel Cassus disse...

foi na Bunker a 1a vez na vida que eu vi alguém cheirando uma carreira de pó branco.

Andre Garça disse...

ah bunnker,... saudades.
ediçoes historicas da enjoy ali.

me passa seu msn, Gui?
gostei do texto!