A Mulher Do Padre

Outro dia acordei com uma cantoria estranha, umas orações meio perdidas, uma voz um tanto quanto sem ritmo... Não entendi muito bem o que era, mas também nem disse nada, afinal, quem sou eu pra julgar o gosto musical dos outros (ainda mais quando são os meus pais, né?).

Meus pais, por sinal, estavam cabisbaixos com tudo aquilo. Porque se você acha que cd seguia a linha Marcelo Rossi ou cantos gregorianos, está redondamente enganado. Nada de elefantinho, é uma letra arrastada que dá até sono. Só depois de um tempo descobri que tratava-se do Padre Fabio de Melo, o novo queridinho da indústria fonográfica religiosa.

Só me espantei com uma coisa: o tal padre é gaaato, gente! Tá, ok, precisa de um corte de cabelo moderno e umas roupinhas novas, mas eu fiquei espantado com o encarte do cd. (No site, tem foto dele saindo da academia (Oi? Desde quando padre malha? Deixa o Bento saber disso...) Vale o confere).

Não é de hoje que a Igreja Católica coloca seus bonitões na linha de frente da música. Há alguns anos foi a vez do Padre Zeca, da paróquia do Arpoador, se apresentar como o "padre surfista". Ou seja, o típico garotão-carioca-zona-sul que aceitou a vocação.

Mas se a intenção era atrair a garotada pro seminário, o tiro saiu pela culatra: Padre Zeca hoje não faz mais parte da Igreja - diz que largou a batina por conta de muitos rabos-de-saia, em especial um da alta sociedade carioca.

Há pouco tempo, aliás, recebi um link das folhinhas de 2009 do Vaticano. Apesar de italianos, os padres não eram nada absurdos - e nem chegavam aos pés dos modelos do calendário da The Week, por exemplo - mas chega a ser divertido ver essas tentativas da Igreja se "modernizar" usando justamente características que condena, como a beleza e a sedução. Ou alguém acredita que as folhihas ou os cantores foram escolhidos apenas pelas mensagens de fé que transmitem?!

Bom... pra quem interessar possa: não chega a ser um fetiche, mas vale contar que eu ja me vesti de padre numa festa à fantasia...