Ignorância mode: on
Em meio a essa horrível tragédia com o avião da Air France e o medo de ter algum conhecido no voo (ontem mesmo um amigo de SP foi tripulante de um voo na mesma rota mas de outra compahia aérea), ainda temos que ouvir demonstrações de ignorância do povo.
Chegando no cliente, um tiozinho dizia "Ah, eu tenho medo lá de cima. Aqui pelo menos eu tô na terra, né? Voar é perigoso". Cada um sabe onde o sapato aperta, mas comparar com o mundo aqui embaixo não dá. Você mora no alto do morro, vive sob toque de recolher, milícia, tráfico. A PM, que deveria te proteger, te esculacha toda semana e um filho seu já morreu assassinado de fuzil. E jura que avião é o que oferece risco pra sua vida, né?
Na mesma linha da ignorância, um amigo de empresa - formado em faculdade federal, inglês fluente e afins - vira pra mim e diz "advogado é tudo safado. Tá sempre pensando em um jeito de burlar uma lei que ele próprio criou".
Bular? Oi? Então o médico é safado porque quer descobrir a cura de uma doença que ele diagnosticou? E vamos combinar, quem criou o que, cara pálida? Já ouviu falar em legislativo, executivo e judiciário?!
Esse é o mal do brasileiro: se fazer de burro pra sobreviver.
Porque parar, pensar e discutir dá muito trabalho...
quinta-feira, junho 04, 2009
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1 comentário:
Vários ítens, várias respostas:
-a aviação segue sendo estatisticamente o modo de transporte mais seguro - ainda não descobriu-se o "teletransporte". Infelizmente, quando algo dá errado, as chances de sobrevivência são as menores possíveis;
-Realmente quem legisla não são os advogados, embora alguns legisladores tenham essa formação. Mas que a palavra burla é aplicada sempre que possível, isso é. Como foro privilegiado, prescrição, anulação de provas, etc. Apenas termino dizendo que não concebo uma civilização sem advogados, e que todos devem ter acesso a um quando necessário. O problema é que os nossos códigos são tão mal-feitos, permitem tantas protelações e apelações, que o direito do contraditório e da presunção de inocência acabam por perpetuar a impunidade;
-Agora, médico não tem nada a ver com advogado nesta comparação. A doença não é culpa de ninguém, e quanto mais cedo for diagnosticada, maior as chances de cura, na imensa maioria dos casos;
-finalizo concordando que, catastroficamente, dentre outros pejorativos, o brasileiro geral é indolente.
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