Medalha de Ouro

Parece que o Rio voltou a estampar as páginas policiais do jornal. Dessa vez, nas duas pontas: causa e conseqüência.

A primeira página do O Dia de ontem foi assutadora: três funcionários do jornal foram mantidos em cárcere privado, torturados e espancados por uma milícia que controla uma das favelas da Zona Oeste da cidade, com evidente participação de policias militares, enquanto trabalhavam.

Durante a semana, o ex-chefe da Polícia Civil do Rio e deputado estadual foi preso sob graves acusações que vão desde a participação na máfia dos caça-níqueis a lavagem de dinheiro. Claro que com o suporte de membros do MP e da Câmara dos Deputados, além do querido ex-governador Anthony Garotinho.

É evidente a ligação entre fatos como esses. O Rio, hoje, é como Chicago dos anos 30, onde a corrupção chega a todo e qualquer nivel. E se a violência chegou ao ponto em que chegou e se mantém estável - ao contrário do Estado de São Paulo, que conseguiu, por exemplo, derrubar seu número de mortes/habitantes com uma política que já vem há pelo menos 3 governos - é culpa da falta de investimentos na segurança pública do estado. E o atual governo, apesar de boas intenções, não consegue sequer chegar perto de uma solução: a política do atual secretário, Beltrame, é claramente falha. E cega.

Talvez, se admitirmos que toda a estrutura está errada, que nossos policiais causam medo e não nos pretegem, que 40% da Alerj responde a algum processo criminal, que as milícias são mais um problema do que solução e que o tráfico tomou conta de grandes partes da cidade, seja no subúrbio ou na zona sul, consigamos, um dia, chegar a algum lugar.
Enquanto isso, a gente reza pra não ser parado na rua, nem pelo bandido, nem pela polícia.

E quarta-feira tem anúncio das cidades finalistas para as Olimpíadas 2016. Eles juram que o Rio pode sediar alguma coisa. Caso consiga (eu duvido, mas vamos lá...), imaginem como nossas histórias serão repercutidas mundialmente...
Exploração infantil? Poluição em Pequim? Free Tibet?
O Rio tem mazelas muito mais difíceis de serem escondidas.